sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A História Secreta do Cartão de Crédito

No início do livro Histórias Secretas – Relatos com tudo o que os livros de história não contam, Daniel Funes diz o seguinte: “É capaz que depois de conhecer as histórias secretas você nunca mais seja o mesmo”. É com esta esperança que lhes repasso a História Secreta do Cartão de Crédito.
A História Secreta do Cartão de Crédito
Ninguém sabe o que apareceu primeiro: o cartão de crédito ou o povo americano. Especialistas em macroeconomia doméstica acreditavam que o cartão de crédito tivesse aparecido com o surgimento da Disney, sendo concebido no início como um dinheiro de brinquedo para as crianças no parque. A fatura, porém, sempre foi de verdade.
Conforme indicação dos estudos da American Credicard Association, o cartão de crédito apareceu bem antes da invenção da Disney. A idéia era permitir que as pessoas fizessem compras sem precisar de dinheiro. Veio daí a frase “Se você não tem dinheiro, use cartão”. E, se você não tem nenhum dos dois, dane-se!”
A primeira mulher americana a usar um cartão de crédito foi Telecia Whatsoever, dona-de-casa, consumista e idiota. Desde a primeira vez que usou um cartão, Telecia ficou assombrada. Em todas as lojas onde entrava era recebida pelos atendentes com um “Bom dia!” em coro, mesmo se estivesse chovendo ou nevando.
Depois de uma tarde de compras na Holders and Folders, uma das maiores lojas de departamento da época, Telecia tinha adquirido um vaso, um rádio, um aparelho de jantar, um aparelho de ginástica, um aparelho de barba, um palhaço inflável, uma bicicleta ergométrica, uma bicicleta trigonométrica e um trailer.
Depois da maratona das compras, Telecia Whatsoever estava convencida de que com cartão ela podia tudo. Só não sabia onde ia guardar o trailer. Mas o que importava era que passara a ser aceita em dezenas de estabelecimentos em sua cidade.
Durante um mês ela foi às compras todos os dias. Quando seu marido Robertson Whatever voltou de uma viagem de negócios, não tinha mais lugar para ele na casa. Tudo ali era novo, e a única coisa velha era Robertson. Por isso ele teve que ficar no porão. Mas por pouco tempo. Quando a fatura do cartão chegou, Robertson pediu o divórcio.
No início dos anos 80 o cartão de crédito se tornou ainda mais popular. Dessa vez era emitido não só por bancos americanos, mas por outras entidades, e, pela Constituição dos Estados Unidos, todo americano tinha direito a ter pelo menos um cartão. Entre 1982 e 1984 o número de usuários de cartão de crédito triplicou, assim como o número de separações. Mas o que importava? Nessa época os amantes profissionais também aceitavam cartão. Assim como os motoristas de táxi e até os mendigos. Com suas máquinas de cartão andavam pelas ruas de Nova York usando camisetas com a frase “Aceito cartão”.
Por todas as facilidades e vantagens que o cartão oferecia, no Natal de 1984 o Papai Noel foi definitivamente abolido na América do Norte. No seu lugar ficou o cartão de crédito, para o qual as crianças podiam pedir tudo. Veio daí a frase “Com cartão você pode tudo”. Menos pagar a fatura.
Nessas alturas Telecia Whatsoever já não era mais aceita em aproximadamente cinco milhões de estabelecimentos, depois de ter quebrado seus doze cartões de crédito. Após passar um ano foragida, Telecia mudou-se para o México.
Também em 1984 o cartão de crédito começava a ganhar força no Brasil. Por volta de 1987 ele já havia chegado a milhares de estabelecimentos, e oitenta por cento dos brasileiros estava comprando tudo com cartão, porque nunca tinham dinheiro.
A popularidade crescente do Credicard fez com que em 1989 ele passasse a ser aceito também para pagar promessas, fazer oferendas e despachos. Mãe Oxum de Jeticaré foi a primeira mãe-de-santo a obter uma maquineta de cartão.
Apesar dos juros e da cultura inflacionária, em pouco tempo o cartão ficou superpopular no Brasil. Mais popular que ele só mesmo Eleutério Brasileiro do Brasil, estelionatário e desempregado. Depois de ter falsificado oitenta cartões, Eleutério foi preso. Mas nessas alturas ele já tinha comprado roupas, CD players, móveis e até um advogado. Acusado de peculato, estelionato e artesanato, Eleutério foi detido antes que todas as faturas chegassem. A sorte foi que o delegado também aceitava cartão. Depois de pagar sua fiança com o cartão de Amália de Mello, Eleutério foi solto e voltou a ser aceito em milhões de estabelecimentos no Brasil e no exterior, como o presídio de segurança máxima Bangu 1, por exemplo.
Nos dias de hoje, embora o cartão continue popular, os brasileiros, com medo de assalto, não saem mais de casa com ele. A menos que estejam na Disney ou em Nova York, já que nos Estados Unidos ninguém aceita cheque, nem brasileiro. Só cartão de crédito.

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