sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A mentira que vivemos (I)

"Depois da tempestade vem a bonança", diz um antigo ditado. "Depois da des-ilusão vem a mentira que vivemos", mostra este blog. Após três postagens elaboradas a partir de um texto preconizando o festejo da des-ilusão, publicado há dezesseis anos no livro Setas no caminho de volta, de autoria do Professor Hermógenes, segue a primeira de duas elaboradas a partir de um vídeo publicado há um ano no You Tube com o título The Lie We Live (A mentira que vivemos), de autoria de Spencer Cathcart, um jovem diretor e escritor.
Para quem quiser assistir o vídeo (com mais de 15 milhões de exibições), segue o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=ipe6CMvW0Dg. Vale a pena ver. Até porque ver certas imagens é algo que pode despertar a vontade de refletir sobre o que se vê, embora, no meu entender, seja a partir da leitura de textos que a reflexão acontece de forma efetiva. O próprio autor diz em seu blog ter recebido solicitações para que publicasse também o texto.
A mentira que vivemos
Neste momento você poderia estar em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa. Em vez disso você está sentado sozinho diante de uma tela. Então o que está nos impedindo de fazer o que queremos? Estar onde queremos estar?
Cada dia acordamos no mesmo quarto e seguimos o mesmo caminho, para viver o mesmo dia que vivemos ontem. No entanto, ao mesmo tempo, cada dia era uma nova aventura. Com o passar do tempo, alguma coisa mudou. Antes nossos dias eram atemporais, agora nossos dias são programados. É isso que significa ser evoluído? Ser livre? Mas nós somos realmente livres?
Comida, água, terra. Os principais elementos que precisamos para sobreviver são propriedade de corporações. Há nenhuma comida para nós nas árvores, nenhuma água fresca nos riachos, nenhuma terra para construir uma casa. Se você tentar e pegar o que a Terra oferece, você será preso. Então nós obedecemos suas regras.
Nós descobrimos o mundo através de livros. Por anos nos sentamos e regurgitamos o que nos dizem. Testados e classificados como sujeitos em um laboratório. Formados não para fazer a diferença neste mundo, mas para não sermos diferentes. Inteligentes o suficiente para fazermos nosso trabalho, mas não para questionarmos porque o fazemos. Então nós trabalhamos, e o trabalho nos deixa sem tempo para viver a vida para a qual trabalhamos. Até que chega o dia que estamos muito velhos para fazer nosso trabalho. É aqui que somos deixados para morrer. Nossas crianças ocupam nosso lugar no jogo.
Para nós, nosso caminho é único, mas juntos somos nada mais do que combustível. O combustível que dá poder a elite. A elite que se esconde por trás dos logos das corporações. Esse é o mundo deles. E seu mais valioso recurso não é o chão. Somos nós. Nós construímos suas cidades, operamos suas máquinas, lutamos suas guerras. Afinal de contas, dinheiro não é o que os impulsiona. É o poder. Dinheiro é simplesmente a ferramenta que eles usam para nos controlar. Pedaços de papel sem valor de que dependemos para nos alimentar, nos mover, nos entreter. Eles nos deram o dinheiro e em troca nós demos a eles o mundo.
Onde havia árvores que limpavam nosso ar, agora há fábricas que o envenenam. Onde havia água para beber, há lixo tóxico que fede. Onde animais corriam livres, há fazendas industriais onde eles são nascidos e abatidos interminavelmente para nossa satisfação.
Mais de um bilhão de pessoas estão famintas, apesar de haver comida suficiente para todos. Para onde vai tudo isso? 70% dos grãos que colhemos é alimento para engordar os animais que você come no jantar. Por que ajudar o faminto? Você não pode lucrar com ele.
Somos como uma praga varrendo a Terra, despedaçando o próprio ambiente que nos permite viver. Vemos tudo como algo a ser vendido, como um objeto a ser possuído. Mas o que acontece quando tivermos poluído o último rio? Envenenado a última brisa de ar? Não houver óleo para os caminhões que trazem a nossa comida? Quando é que vamos perceber que dinheiro não pode ser comido, que não tem valor?
Nós não estamos destruindo o planeta. Nós estamos destruindo toda a vida nele. Anualmente, milhões de espécies são extintas. E o tempo está se esgotando antes de sermos a próxima. Se você vive na América há 41% de chance de você ter câncer. Doenças do coração matarão um em cada três americanos. Tomamos medicamentos prescritos para lidar com esses problemas, mas cuidado médico é a terceira principal causa de morte, atrás de câncer e doenças cardíacas.
Dizem-nos que tudo pode ser solucionado enchendo cientistas de dinheiro para que eles possam descobrir uma pílula para fazer desaparecerem nossos problemas. Mas as companhias farmacêuticas e as sociedades de câncer dependem de nosso sofrimento para lucrar. Nós pensamos que estamos correndo para a cura, mas na verdade estamos fugindo da causa.
Nosso corpo é um produto do que nós consumimos e o alimento que comemos é projetado exclusivamente para o lucro. Nós nos enchemos com produtos químicos tóxicos. Os corpos dos animais infestados com drogas e doenças. Mas nós não vemos isso. O pequeno grupo de corporações que possui os meios de comunicação não quer que nós vejamos. Cercam-nos com uma fantasia e dizem-nos que é a realidade.
Continua na próxima quinta-feira

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